domingo, 11 de julho de 2010


Faltavam 10 minutos para a aula começar
e então ele teve uma idéia
se eu escrevesse alguma coisa e a falasse antes do seminário talvez aquilo chamasse a atenção do professor...
rabiscava a folha de caderno rasgada enquanto tomava café naquela mesa de plástico vermelha
o pensamento vinha mais rápido que o movimento da mão
o papel grudou na mesa suja de café
letras ilegíveis para qualquer outro ser humano, falta de prática, pouco capricho...
ele leu aquilo pra si mesmo:

falta de sensibilidade
porque ele disse aquela maldita palavra
o virtual acaba com a poesia
cada vez que eu ouço o som do teclado some uma parte do meu pensamento
o virtual não tem a sensibilidade do papel riscado com grafite

ele gosta de arte, talvez se impressione, mas não por algo assim... dane-se...

ele continuou:

as idéias vêm de repente e assim que eu levanto a tela do computador elas se vão, sempre,
sobram fragmentos...
não há opção de desfazer, aquilo se apagou e nunca mais volta
meus pensamentos pertencem a mim, fora da minha cabeça eles não fazem sentido
eu sei, é possível organizar as idéias, mas elas nunca serão mesmas, não serão tão boas
do lado de fora elas são meras traduções simbólicas de uma linguagem muito mais complexa que esta
aqui elas são preto, branco, letra, nada, pixel, nada...
angustiante incompatibilidade

K

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