quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

déviant



como um déspota desesclarecido
desconstruo a poesia
                                 desmistifico a vida
desvio do óbvio
desvio da vida
desvio do desvio
devido à vida
que vida?
há vida
ávida
escurecida
encolhida
reconstruo algo
repovoado de entes
imaginários
vários deles
seres
de viveres e saberes
eles
que sois vós
a voz deles
um déspota
sem resposta
composto, indisposto
agouro de mau gosto
porém vivo, expressado
hoje e não amanhã
agora
louco
despido
despedido de si, até daqui a pouco


K

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Rei de si

Por trás destas vastas muralhas, palavras
Soldados armados protegem o forte
Fracos e armados, sem norte
Qualquer um é inimigo além dali

Guerreiam entre si e entre os outros
O comandante, humilhado, dá ordens sentado
Pra dentro de si, ninguém ouve
Não há nada que valha, por aqui

Em meio a turba, gritos de desespero
Corre um bobo em chamas cantando piadas
Alguns riem enquanto dançam as espadas
Nas carnes molhadas de medo

Jogam cordas, descem pontes, sobem escadas
Crianças correm desesperadas
Por entre as cabeças no chão
Cheiro de fogo, sangue nas mãos

Gestos da inaptidão de um rei louco
Trancado em seu calabouço de ouro
Dando mil gargalhadas de satisfação!


K

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

one last try



Estamos velhos. Precisamos do álcool com mais frequência. Não temos tempo para escrever. Ou temos tempo, mas estamos preocupados com outras coisas...  Ainda temos inspirações, mas elas passam. Respiramos, inspiramos. Os problemas do mundo persistem, é difícil falar disso de maneira poética.
Lembrei-me de muitas coisas interessantes, mas me esqueci. Deixei pra lá. Há mais com que se preocupar com que textos lançados ao ar, devaneios de mentes doentias que jamais terão importância. Não fazem diferença na vida de ninguém, nem nas nossas.
Hoje a realidade é mais pesada que concreto
O vento sopra enquanto corta
O ar sufoca
Os passos se arrastam
A vida passa em câmera lenta
E tudo se repete como se estivesse escrito
Que tem que ser assim
Que por mais que se grite
Serão apenas ecos perpétuos
No infinito

anaufabeto de souza